domingo, 14 de setembro de 2014

Com gosto de lágrima

Do que adianta a fome se o prato vai ser triste,
se a comida já tá fria,
se o coração gelou?
Pra que experimentar o amargor? 
Quando a resposta se torna quase incontrolável 
e o passado te afoga em lágrimas, resta pouco a dizer. 
Desse pão não quero voltar a comer.

sexta-feira, 21 de dezembro de 2012

A escolha

    Caim e Abel, ambos filhos de Adão. Abel escolhe Deus. Caim escolhe o crime. E Deus permite que isto aconteça. Abraão e Ló, ambos peregrinos em Canaã. Abraão escolhe Deus. Ló escolhe Sodoma. E Deus permite que isso aconteça. Davi e Saul, ambos reis de Israel. Davi escolhe Deus. Saul escolhe o poder. E Deus permite que isto aconteça. Pedro e Judas, ambos negaram ao Senhor. Pedro busca misericórdia. Judas busca a morte. E Deus permite que isto aconteça.
    A cada estágio da história, em cada página da Escritura, a verdade é revelada: Deus permite que façamos nossas próprias opções. E ninguém delineia isto mais claero do que Jesus. De acordo com Ele, podemos escolher: a porta larga ou a estreita; o caminho espaçoso ou o apertado; a grande multidão ou a pequena (Mt 7:13,14). Deus oferece opções eternas, e estas escolhas possuem consequências eternas.
    Isto não faz lembrar do trio no Calvário? Você já pensou por que duas cruzes próximas a Jesus? Por que não seis ou dez? Já pensou por que Jesus estava no centro? Por que não à direita ou à esquerda? Poderia ser por que as duas cruzes no monte simbolizavam um dos maiores presentes de Deus? O presente da escolha.
    Os dois criminosos tinham muito em comum. Condenados pelo mesmo sistema. Sentenciados à mesma morte. Rodeados pela mesma cruz. Igualmente próximos a Jesus.Na verdade, ambos iniciaram a conversa com o mesmo sarcasmo: "E o mesmo lhe lançaram também em rosto os salteadores que com ele estavam crucificados" (Mt 27:44). Mas um mudou.

E um dos malfeitores que estavam pendurados blasfemava dele, dizendo: Se tu és o Cristo, salva-te a ti mesmo e a nós. Respondendo, porém, o outro, repreendia-o dizendo: Tu nem ainda temes a Deus, estando na mesma condenação? E nós, na verdade, com justiça, porque recebemos o que nossos feitos mereciam; mas este nenhum mal fez. E disse a Jesus: Senhor, lembra-te de mim quando entrares no teu Reino. E disse-lhe Jesus: Em verdade te digo que hoje estarás comigo no Paraíso.
Lucas 23: 39-43

    Muito tem sido dito sobre a oração do ladrão penitente, e isto certamente garante nossa admiração. Mas, enquanto nos alegramos pelo ladrão arrependido, será que ousamos nos esquecer do que não se arrependeu? E quanto a ele, Jesus? Não teria sido apropriado um apelo? Quem sabe uma palavra de persuasão não teria sido eficaz?
    Não deixou o pastor suas noventa e nove olvelhas e foi em busca da que havia se perdido? A dona de casa não procura por todos os cômodos até que a moeda seja encontrada? O pastor sim, a dona de casa sim, mas o pai do filho pródigo, lembre-se, nada fez.
    A ovelha perdeu-se por inocência. A moeda foi perdida por irresponsabilidade. Mas o pródigo saiu de casa intencionalmente. O pai ofereceu-lhe o benefício da escolha. Jesus fez o mesmo com os ladrões.
    Há momentos em que Deus envia trovões para nos sacudir. Há momentos em que Deus manda bençãos para nos alegrar. Então há momentos quando Deus nada manda além de silêncio, enquanto nos honra com a liberdade de escolha do local onde passaremos a eternidade. E que honra! Em tantas áreas da vida não temos escolhas. Pense nisto. Não escolhemos o nosso sexo. Não escolhemos nossos irmãos. Não escolhemos nossa raça ou local de nascimento. Algumas vezes a falta de opção nos enfurece. "Não é justo", dizemos. Não é justo que eu tenha nascido pobre, ou que eu não cante tão bem. Mas as escalas da vida foram deixadas de lado para sempre quando Deus plantou uma árvore no jardim do Éden. Todas as reclamações cessaram quando Adão e sua descendência receberam o livre arbítrio, a liberdade de fazermos qualquer escolha eterna. Qualquer injustiça nesta vida é compensada pela honra da escolha de nosso destino eterno.
    Pense no ladrão que se arrependeu. Embora pouco saibamos sobre ele, temos uma certeza: a de que ele fez algumas escolhas erradas na vida. Ele escolheu a multidão errada, as morais erradas e o comportamento errado. Mas você acha que sua vida foi desperdiçada? Está ele passando a eternidade colhendo os frutos de todas as suas escolhas erradas? Não, exatamente o contrário. Ele está saboreando o fruto destinado aos que fazem a escolha certa como ele fez. Suas más escolhas acabaram sendo redimidas pela escolha correta, a única escolha que realmente importa.
    Como podem dois homens ter visto o mesmo Jesus, e um ter escolhido rir dEle e o outro orar a Ele? Não sei, mas aconteceu. E, quando um orou, Jesus o amou de tal maneira que o salvou. E quando o outro caçoou, Jesus o amou o suficiente para permitir isso. Ele permitiu a escolha. E o mesmo Ele faz por você.
[Texto extraído do livro "Ele escolheu os cravos" de Max Lucado - Adaptado]

quinta-feira, 15 de novembro de 2012

Amor sem limites

        Hoje eu estava pensando sobre um crime bárbaro que aconteceu aqui na minha cidade. Um homem matou a ex-esposa com dois tiros na cabeça. O motivo, dizem, foi por não aceitar o fim da relação. Muita comoção, muito falatório e muitos clamando por justiça e querendo a morte do assassino. "Olho por olho, dente por dente" é o que parece ser a sentença na mente de muitas pessoas que se comoveram com o caso. Mas alguma coisa dentro de mim não me deixou pensar assim. Eu fiquei horrorizada com os comentários odiosos que li sobre ele. E foi por esta razão que decidi refletir sobre o caso e sobre o meu sentimento. 
         Comecei a pensar em Jesus tendo um encontro com aquele homem. O que Ele falaria? Qual seria sua reação? O que Ele enxergaria nele que ninguém mais consegue ver? Será que Ele também teria vontade de matá-lo para fazer justiça? Será que Ele desejaria que desgraças lhe sobreviessem pra ele "pagar" pelo que fez? E pensando nessas coisas, sabe o que mais me espantou? A cada pergunta que eu me fazia, a resposta era clara: Eu amo aquele homem. Como é, Jesus? Como é que você pode amar um assassino? Como você pode querer o bem de alguém que assassinou outra pessoa friamente e parece não ter se arrependido? E a cada vez eu ficava mais convicta daquela afirmação, não importava o que eu questionasse, a resposta era a mesma: Eu ainda amo aquele homem.
          Esse entendimento me fez lembrar de muitas passagens bíblicas onde Deus expressa o seu amor louco por nós: "Mas, onde o pecado abundou, superabundou a graça" (Rm 5:20); "Eu, eu mesmo, sou o que apago as tuas transgressões por amor de mim, e dos teus pecados não me lembro." (Is 43:25); "Dificilmente haverá alguém que morra por um justo; pelo homem bom talvez alguém tenha coragem de morrer. Mas Deus prova o seu amor para conosco, em que Cristo morreu por nós, sendo nós ainda pecadores." (Rm 5:7 e 8). Relembrando essas verdades, comecei a me escandalizar com o amor de Deus! Ele alcança até onde você e eu não queremos ir. Ninguém quer amar um assassino, estuprador, pervertido, ninguém! Ninguém parece estar disposto a sequer perdoar o assassino, quanto mais a morrer por ele! Parece humanamente inaceitável que alguém se propusesse a tomar a culpa dele para si e libertá-lo, não é mesmo? Pois é, foi exatamente o que Jesus fez por ele. E, não se engane, também fez por mim e por você.
          Bom, mas eu e você não assassinamos ninguém, certo? Não praticamos nenhum crime, nenhuma barbárie como essa. Não, não fizemos isso. Também não acredito que nos consideraríamos completos inocentes diante de Deus, porque você e eu sabemos que já machucamos fortemente alguém, já traímos a sua confiança, já mentimos, inventamos histórias sobre pessoas, fomos egoístas, orgulhosos, já quisemos o mal de alguém e já dissemos muitos "bem feito!" quando alguém que nos feriu se deu mal. Não é verdade? Olhe pra você e observe que no fundo, no fundo, você já odiou alguém, já quis que essa pessoa sumisse e, dessa forma, no seu coração você matou aquele alguém dentro de você. Pois, "quem odeia seu irmão é assassino" (I Jo 3:15).
      Duras são essas palavras, mas elas nos libertam da nossa falsa identidade de bonzinhos, de melhores, de soberbos e de acusadores dos outros. Hoje, foi isso que fiz. Me coloquei no lugar do assassino. E se eu fosse ele, eu clamaria por perdão, eu quereria outra chance, eu apelaria para a escandalosa graça de Deus.

"Vocês ouviram o que foi dito: ‘Ame o seu próximo e odeie o seu inimigo’. Mas eu lhes digo: Amem os seus inimigos e orem por aqueles que os perseguem, para que vocês venham a ser filhos de seu Pai que está nos céus. Porque ele faz raiar o seu sol sobre maus e bons e derrama chuva sobre justos e injustos." (Mt 5:43-45)
 Pai que está nos céus. Porque ele faz raiar o seu sol sobre maus e bons e derrama chuva sobre justos e injustos.
Mateus 5:43-45
ocês ouviram o que foi dito: ‘Ame o seu próximo e odeie o seu inimigo’.

Mas eu lhes digo: Amem os seus inimigos e orem por aqueles que os perseguem,

para que vocês venham a ser filhos de seu Pai que está nos céus. Porque ele faz raiar o seu sol sobre maus e bons e derrama chuva sobre justos e injustos.
Mateus 5:43-45

quarta-feira, 9 de maio de 2012

Sonhos

Eu tenho sonhos. Sonho com um mundo em que ninguém passe fome, todos tenham o que comer e se fartem de pão, pois há alimento suficiente para todos. Sonho com minha cidade sem moradores de rua, pois todos terão suas casas, suas camas, seu lar. É ruim dormir confortavelmente em sua cama quando você se lembra que muitos tem o teto por estrelas.

Sonho com uma sociedade amorosa, que vê no mendigo um "alguém", um igual em condições diferentes. Sonho com o dia em que nós todos enxerguemos além das roupas sujas e dos olhos tristes e desesperançados.

Sonho com o dia em que as crianças de rua sejam enxergadas, contactadas, acolhidas, cuidadas. Sonho com as crianças do meu país com os seus lares restaurados, com pais amorosos, dispostos a cuidar delas e educá-las da melhor maneira possível. E para isso, não é preciso estudar no melhor colégio ou ter roupa nova cada mês, mas amor, respeito e carinho cultivados no lar, na comunhão da família. Valores como honestidade e bondade não se compram por aí, nem se encontram nos colégios de primeira.

Sonho com a minha cidade sem drogas, com os jovens libertos do vício e da morte prematura. Sonho com suas mães felizes, vendo seus filhos estudando, trabalhando, sonhando em construir uma família e viver uma vida digna e feliz.

Sonho com uma sociedade segura onde se possa andar nas ruas, passear pelas praças a qualquer hora do dia e da noite sem temer mal algum. Sonho com casas sem cercas elétricas, sem câmeras, sem desconfianças. Sonho em dormir todos os dias em paz por saber que todos os meus companheiros nessa jornada também estão usurfruindo de uma vida justa, digna e abençoada como a minha; e também possuem uma cama para, enfim, dormirem igualmente em paz.

Sonho em ver as questões sociais sendo privilegiadas às questões financeiras. Parafraseando Jesus, mais vale uma vida do que o mundo inteiro. Sonho em ver o dinheiro da merenda escolar chegar com qualidade ao seu destino. Sonho em o sistema público de saúde sendo priorizado nas políticas públicas. Sonho em ver políticos consagrados ao seu trabalho e à responsabilidade que lhe foi dada para atender com honestidade às necessidades do povo que os elegeu. Sonho com o dia em que a retidão prevaleça à uma mala cheia de dinheiro, em que os interesses particulares não exterminem a possibilidade da maioria ser beneficiada.

Sonho com um mundo sem cigarro, sem bebidas, sem vícios, sem hábitos nocivos para si e, por consequência, para os outros. Sonho com o dia em que não mais ouviremos notícias de acidentes e mortes por causa de bebedeiras ou drogas. Quero uma sociedade sarada, livre.

Sonho com um mundo em que as diferenças sejam respeitadas e que o senso de igualdade predomine frente às diferentes raças, línguas, cor, credo, opção sexual, posição social e condição financeira. Sonho com o dia em que o bem vestido e o mal trapilho sejam igualmente bem recebidos na igreja, no restaurante, no banco. O dia em que o pobre e o rico terão o mesmo valor frente à justiça, a mim e a você.

"Eu creio que verei a bondade do Senhor na terra dos viventes. Espera pelo Senhor, tem bom ânimo e fortifique-se o teu coração;espera, pois, pelo Senhor." Salmo 27:13, 14

Nobreza

Hoje me veio à mente esta cena:

Depois de ter pescado na prova do dia anterior, a garotinha se aproxima do professor e chorando lhe diz que havia pescado na prova e que, por isso, não conseguiu dormir à noite. Sua consciência estava tão pesada e sua convicção que tinha feito algo errado era tão grande que, mesmo correndo o risco de levar zero na prova, ela decidiu confessar tudo ao professor, e dizendo isso a ele, lhe pediu desculpas.

Eu, como professora, em vista de um ato tão nobre e sincero, não teria dúvidas quanto a que decisão tomar. Perdoaria aquela garotinha e lhe advertiria que o que ela fez foi realmente errado, mas a sua atitude posterior superou e muito o seu erro. Ao confessar o seu erro e se mostrar arrependida, ela abriu as portas do meu coração para o perdão e ela recebeu uma nova chance. Ainda que, dentro do meu direito, eu zerasse a prova dela - o que seria justo - sei que ela não ficaria chateada, pois estava consciente da provável consequência. Mas a vontade que seu ato me despertaria não seria essa.

Esconder o erro demonstra fraqueza de caráter.
Arrepender-se é um ato nobre e gera na outra pessoa um sentimento igual: o perdão.

                                                                    [02.05.2012]                                                                           

quinta-feira, 1 de dezembro de 2011

At the end of the day

Sometimes I get a little sad. Something is missing and I know what, I always do.
When I think about my day, what I've done and what I've not, I can easily see you were not in my choices. 
And I miss it.
But why didn't I choose you? Why have I done other things and forgotten you?
Lord, I know you are my happiness. And I just want to be happy at the end of the day.

segunda-feira, 26 de setembro de 2011

Passarinhos

Da minha cama eu ouço o som dos passarinhos. Como são singelos no seu cantar. 
Fizeram ninhos sobre a minha cabeça. 
Querem me ensinar a voar.

E nem precisam. Assim que ouço o seu canto, vôo com eles, vou a qualquer lugar. 
Como me encantam os passarinhos, quando cantam me fazem voar.

Vista Oculta - Capítulo IV

A tarde já estava acabando e aqueles raios de sol laranja-aroseados típicos de um fim de tarde começaram a entrar pelas janelas da casa. A essa altura, todos os objetos que não prestavam já estavam em pilhas separadas dos que ainda eram úteis. Jesus e a menina estavam cansados, mas felizes.

Quando aqueles raios tocaram o rosto da menina, Jesus a convidou para irem até a varanda do segundo andar da casa para verem o pôr-do-sol. Mal ele terminou de convidá-la, ela já estava no pé da escada que os levaria até lá. Ele realmente a conhecia. Se tem um momento do dia que Tainá mais ama, é certamente o pôr-do-sol. E lá estavam os dois, sentados na mureta da varanda, apoiados no corrimão, conversando e sorrindo aos últimos raios de sol daquele dia em que o Sol visitou a casa dela. Conversar com ele era tão gostoso! Ela sentia como se todo o resto pudesse esperar e como se cada segundo com Ele fosse precioso, inesquecível.

Ao fundo um som de pássaros embalava aquele momento único. O sorriso dele a penetrava e fazia com que seu corpo flutuasse. Sua alma dançava com a dele a cada frase dita. Seus corações se encontravam em pulsações tantas que ela se encantava com ele sem qualquer esforço. Seu olhar era tão doce, tão compreensivo. Ele era puro amor. Tão diferente de como ela O imaginava. De tão diferente beirava o oposto de tudo o que ouviu sobre ele. Ele era a educação, simpatia, polidez e o bom-humor em pessoa. Vez por outra, ele lhe afagava os cabelos, a trazia pra perto e deixava que ela se recostasse no seu peito num contato tão puro e singelo que ela quase dorme em seu abraço. Quando o último raio de sol se despediu daquele dia tão vagarosamente como se também apreciasse aquele momento, ela percebeu que dEle emanava uma luz tão forte e tão bonita que a hipnotizou por alguns instantes. Quando ela tomou consciência de si mesma, estava prostrada aos pés de Jesus aos risos banhados de lágrimas de pura felicidade. Ele também estava profundamente feliz e sorria pra ela o tempo inteiro. Deitados no chão a apreciar as primeiras estrelas ansiosas a começarem a brilhar no céu, eles deram as mãos. Olhando fixo para o céu, ela sussurou para ele: "Eu nasci pra isso, não foi?" Tirando o olhar das estrelas, ele a olhou fixamente e sorrindo respondeu: "que bom que você entendeu. Meu Pai e eu sonhamos com esse momento desde o começo dos tempos. Sim, minha menina, você nasceu pra ser minha. Nasceu pra viver comigo."

Ela estava tão embebida com aquele fim de tarde que nem percebeu quando adormeceu ali mesmo, tendo o teto por estrelas. Jesus a pegou nos braços e a levou até o quarto. Depois de a ter coberto e acomodado na cama, ele sentou ao seu lado e fez carinho nos seus cabelos até a lua aparecer na janela e se despedir daquela noite sublime para os dois.

terça-feira, 2 de agosto de 2011

Moon

Na minha sala tem uma lua.
                                   Brilho singelo, redondo, cheio.   seu brilho, sua luz.            
                       Minha lua não mingua nunca.                        Lua minha, dá-me
                 É minha janela para o céu,                                                     me seduz.
             é meu candeeiro.                                                                         me encanta,
                    Espelho de estrelas,                                            minha lua me ilumina,
                          reflexo da noite.                          Na escuridão da minha casa,
                                     Minha lua me leva além, amplia meu horizonte.

terça-feira, 5 de julho de 2011

O prazer de escrever

Quantas memórias escondidas em traços desenhados. Quantas saudades impressas em linhas cursivas. Quanto amor confessado em uma dúzia de parágrafos. Quantos pedidos e promessas gravados. No coração, o desejo. Nas mãos, a disposição. Nos olhos, os pensamentos, as intenções do escrivão. Até hoje não se sabia como contar os dias, quando uma luz se acendeu por entre cartas antigas e juras de amor. O prazer de escrever se faz na imortalidade da memória que, aguçada pelas palavras, traz ao leitor a possibilidade de re-viver o que se gravou.

domingo, 3 de julho de 2011

Lido e anotado _/ Flores

As flores não surgem nas primaveras, mas no rigor do inverno.
Nas primaveras apenas se manifestam.

Não tenha medo dos invernos. É o tempo das flores.
[Augusto Cury]

quinta-feira, 30 de junho de 2011

Recomeçar

Recomeçar significa parar tudo o que se faz,
repensar os erros e iniciar tudo outra vez.
Recomeçar é também renunciar as certezas antigas,
os comportamentos de outrora.
É às vezes a única alternativa possível e a mais sensata decisão a tomar.
Mandar embora o desânimo, procurar forças de onde não se vê e caminhar. 
Até agora, não me resta outra coisa a fazer.

terça-feira, 28 de junho de 2011

Thought

Não se pode fazer sempre as mesmas coisas e esperar resultados diferentes.

terça-feira, 12 de abril de 2011

Madrugada

A noite chega e escurece o meu mundo,
permitindo às estrelas o seu mudo show noturno.
Seu brilho como lâmpadas pairam sobre a minha mente.
Como fruto de uma semente, inspiração nascente.
Tempo de pensar em nada, de distração.
Alguns insights detectados, caneta e papel na mão.
Noite de leituras: livros, vidas e fantasias. Todos ao meu dispor.
Sou filha da Luz, e como tal, escolho a escuridão como meu palco central.
Linda madrugada, você é minha. Toda minha.

sexta-feira, 8 de abril de 2011

Visita oculta - Capítulo III

Por ela, aquele momento não acabaria nunca. Que abraço gostoso ele tinha! Como era bom estar com ele e ouvir o que ele dizia. Mas Jesus tinha outros planos em mente. Rapidamente ele se levantou, convidando-a a fazer o mesmo.

- "É hora de trabalhar." - disse ele com um sorrisinho de quem sabe o que faz.
- "Como assim 'trabalhar'? - respondeu ela - Você é visita, esqueceu?"
- "Claro que eu não esqueci. Mas visita que se preze sempre deixa uma marca aproveitando ao máximo o tempo juntos e fazendo o possível pra que o anfitrião tenha um momento agradável, não é mesmo?"
- "Bom, se você acha assim, então fique à vontade e conte comigo!" - disse ela toda empolgada mesmo sem saber o que estava por vir.

Jesus, então, foi para os fundos da casa e voltou de lá com uma vassoura e pá nas mãos.
- "Tome, a pá é sua e a vassoura é minha." - disse ele com uma disposição estampada no rosto.
- "Como é que é? Você tá mesmo querendo dizer que você vai limpar essa sujeira toda aqui?" - perguntou perplexa.
- "Porquê? Você acha que não precisa?"
- "Não, Jesus, você não entendeu. A casa tá um caos. Precisa de limpeza urgente. O que eu não entendi é porque VOCÊ vai fazer isso. Você não precisa fazer isso... você, você é visi.."
- "Shhh.." - Jesus a interrompeu com um dedinho nos lábios e tanta graciosidade e convicção que a menina percebeu que nada do que dissesse o convenceria a largar aquela vassoura.

Uma hora e meia depois de começarem o trabalho, lá estavam reunidos e empilhados na sala todos os objetos e sujeira que foram encontrados nos cômodos: bichos de pelúcia antigos e sujos; os cacos de vidro que saiam do chão da cozinha; o vaso de flores murchas da beira da escada; as roupas rasgadas que estavam espalhadas pelo chão dos quartos; livros antigos e empoeirados e uma infinidade de coisas aparentemente inúteis e que seriam facilmente reconhecidas como lixo.
- "Então, Jesus, a gente empacota tudo isso e joga no lixo lá fora, né?" - perguntou ela convencida do que fazer.
- "Não, minha linda. Nós vamos separar o que presta do que não presta aqui." - respondeu ele com um ar de nem-tudo-o-que-parece-lixo-é que a deixou boqueaberta.
- "Mas não é mais fácil juntar tudo e jogar fora? Olha o tanto de coisa! Vai demorar séculos  até terminarmos!" - reclamou indignada.
- "Não estou com a menor pressa, Nah. - respondeu ele pegando um dos livros que estavam na pilha de coisas - Fique tranquila que eu vou te ajudar. Esse livro aqui mesmo, você já leu?"
- "Não.. ganhei de um amigo há muito tempo atrás e até hoje não li."
- "Então ele é uma das coisas que ficam aqui e não vão para o lixo."
- "Por que não, Jesus?"
- "Por que você ainda não experimentou dele, não viveu o livro. Não se joga fora algo sem saber o que/como é, entendeu? Além do mais, se um amigo te deu, ele deve conter alguma mensagem que ele gostaria que você soubesse."
- "Certo. Então, vamos lá.. Esse bichinho de pelúcia aqui, o que você acha?"

E assim a mocinha entrou no ritmo da limpeza e começou a se empolgar com a possibilidade de ver a sua casa limpa e organizada como costumava ser. E era tão bom contar com uma companhia tão disposta e agradável como aquela! Sempre ajudando, dando conselhos e palpites tão sábios que ela não hesitava em acatar. A vida, além de iluminada, agora parecia mais leve desde que ele entrou ali. E o ar... cada vez mais puro.