sexta-feira, 21 de dezembro de 2012

A escolha

    Caim e Abel, ambos filhos de Adão. Abel escolhe Deus. Caim escolhe o crime. E Deus permite que isto aconteça. Abraão e Ló, ambos peregrinos em Canaã. Abraão escolhe Deus. Ló escolhe Sodoma. E Deus permite que isso aconteça. Davi e Saul, ambos reis de Israel. Davi escolhe Deus. Saul escolhe o poder. E Deus permite que isto aconteça. Pedro e Judas, ambos negaram ao Senhor. Pedro busca misericórdia. Judas busca a morte. E Deus permite que isto aconteça.
    A cada estágio da história, em cada página da Escritura, a verdade é revelada: Deus permite que façamos nossas próprias opções. E ninguém delineia isto mais claero do que Jesus. De acordo com Ele, podemos escolher: a porta larga ou a estreita; o caminho espaçoso ou o apertado; a grande multidão ou a pequena (Mt 7:13,14). Deus oferece opções eternas, e estas escolhas possuem consequências eternas.
    Isto não faz lembrar do trio no Calvário? Você já pensou por que duas cruzes próximas a Jesus? Por que não seis ou dez? Já pensou por que Jesus estava no centro? Por que não à direita ou à esquerda? Poderia ser por que as duas cruzes no monte simbolizavam um dos maiores presentes de Deus? O presente da escolha.
    Os dois criminosos tinham muito em comum. Condenados pelo mesmo sistema. Sentenciados à mesma morte. Rodeados pela mesma cruz. Igualmente próximos a Jesus.Na verdade, ambos iniciaram a conversa com o mesmo sarcasmo: "E o mesmo lhe lançaram também em rosto os salteadores que com ele estavam crucificados" (Mt 27:44). Mas um mudou.

E um dos malfeitores que estavam pendurados blasfemava dele, dizendo: Se tu és o Cristo, salva-te a ti mesmo e a nós. Respondendo, porém, o outro, repreendia-o dizendo: Tu nem ainda temes a Deus, estando na mesma condenação? E nós, na verdade, com justiça, porque recebemos o que nossos feitos mereciam; mas este nenhum mal fez. E disse a Jesus: Senhor, lembra-te de mim quando entrares no teu Reino. E disse-lhe Jesus: Em verdade te digo que hoje estarás comigo no Paraíso.
Lucas 23: 39-43

    Muito tem sido dito sobre a oração do ladrão penitente, e isto certamente garante nossa admiração. Mas, enquanto nos alegramos pelo ladrão arrependido, será que ousamos nos esquecer do que não se arrependeu? E quanto a ele, Jesus? Não teria sido apropriado um apelo? Quem sabe uma palavra de persuasão não teria sido eficaz?
    Não deixou o pastor suas noventa e nove olvelhas e foi em busca da que havia se perdido? A dona de casa não procura por todos os cômodos até que a moeda seja encontrada? O pastor sim, a dona de casa sim, mas o pai do filho pródigo, lembre-se, nada fez.
    A ovelha perdeu-se por inocência. A moeda foi perdida por irresponsabilidade. Mas o pródigo saiu de casa intencionalmente. O pai ofereceu-lhe o benefício da escolha. Jesus fez o mesmo com os ladrões.
    Há momentos em que Deus envia trovões para nos sacudir. Há momentos em que Deus manda bençãos para nos alegrar. Então há momentos quando Deus nada manda além de silêncio, enquanto nos honra com a liberdade de escolha do local onde passaremos a eternidade. E que honra! Em tantas áreas da vida não temos escolhas. Pense nisto. Não escolhemos o nosso sexo. Não escolhemos nossos irmãos. Não escolhemos nossa raça ou local de nascimento. Algumas vezes a falta de opção nos enfurece. "Não é justo", dizemos. Não é justo que eu tenha nascido pobre, ou que eu não cante tão bem. Mas as escalas da vida foram deixadas de lado para sempre quando Deus plantou uma árvore no jardim do Éden. Todas as reclamações cessaram quando Adão e sua descendência receberam o livre arbítrio, a liberdade de fazermos qualquer escolha eterna. Qualquer injustiça nesta vida é compensada pela honra da escolha de nosso destino eterno.
    Pense no ladrão que se arrependeu. Embora pouco saibamos sobre ele, temos uma certeza: a de que ele fez algumas escolhas erradas na vida. Ele escolheu a multidão errada, as morais erradas e o comportamento errado. Mas você acha que sua vida foi desperdiçada? Está ele passando a eternidade colhendo os frutos de todas as suas escolhas erradas? Não, exatamente o contrário. Ele está saboreando o fruto destinado aos que fazem a escolha certa como ele fez. Suas más escolhas acabaram sendo redimidas pela escolha correta, a única escolha que realmente importa.
    Como podem dois homens ter visto o mesmo Jesus, e um ter escolhido rir dEle e o outro orar a Ele? Não sei, mas aconteceu. E, quando um orou, Jesus o amou de tal maneira que o salvou. E quando o outro caçoou, Jesus o amou o suficiente para permitir isso. Ele permitiu a escolha. E o mesmo Ele faz por você.
[Texto extraído do livro "Ele escolheu os cravos" de Max Lucado - Adaptado]