terça-feira, 12 de abril de 2011

Madrugada

A noite chega e escurece o meu mundo,
permitindo às estrelas o seu mudo show noturno.
Seu brilho como lâmpadas pairam sobre a minha mente.
Como fruto de uma semente, inspiração nascente.
Tempo de pensar em nada, de distração.
Alguns insights detectados, caneta e papel na mão.
Noite de leituras: livros, vidas e fantasias. Todos ao meu dispor.
Sou filha da Luz, e como tal, escolho a escuridão como meu palco central.
Linda madrugada, você é minha. Toda minha.

sexta-feira, 8 de abril de 2011

Visita oculta - Capítulo III

Por ela, aquele momento não acabaria nunca. Que abraço gostoso ele tinha! Como era bom estar com ele e ouvir o que ele dizia. Mas Jesus tinha outros planos em mente. Rapidamente ele se levantou, convidando-a a fazer o mesmo.

- "É hora de trabalhar." - disse ele com um sorrisinho de quem sabe o que faz.
- "Como assim 'trabalhar'? - respondeu ela - Você é visita, esqueceu?"
- "Claro que eu não esqueci. Mas visita que se preze sempre deixa uma marca aproveitando ao máximo o tempo juntos e fazendo o possível pra que o anfitrião tenha um momento agradável, não é mesmo?"
- "Bom, se você acha assim, então fique à vontade e conte comigo!" - disse ela toda empolgada mesmo sem saber o que estava por vir.

Jesus, então, foi para os fundos da casa e voltou de lá com uma vassoura e pá nas mãos.
- "Tome, a pá é sua e a vassoura é minha." - disse ele com uma disposição estampada no rosto.
- "Como é que é? Você tá mesmo querendo dizer que você vai limpar essa sujeira toda aqui?" - perguntou perplexa.
- "Porquê? Você acha que não precisa?"
- "Não, Jesus, você não entendeu. A casa tá um caos. Precisa de limpeza urgente. O que eu não entendi é porque VOCÊ vai fazer isso. Você não precisa fazer isso... você, você é visi.."
- "Shhh.." - Jesus a interrompeu com um dedinho nos lábios e tanta graciosidade e convicção que a menina percebeu que nada do que dissesse o convenceria a largar aquela vassoura.

Uma hora e meia depois de começarem o trabalho, lá estavam reunidos e empilhados na sala todos os objetos e sujeira que foram encontrados nos cômodos: bichos de pelúcia antigos e sujos; os cacos de vidro que saiam do chão da cozinha; o vaso de flores murchas da beira da escada; as roupas rasgadas que estavam espalhadas pelo chão dos quartos; livros antigos e empoeirados e uma infinidade de coisas aparentemente inúteis e que seriam facilmente reconhecidas como lixo.
- "Então, Jesus, a gente empacota tudo isso e joga no lixo lá fora, né?" - perguntou ela convencida do que fazer.
- "Não, minha linda. Nós vamos separar o que presta do que não presta aqui." - respondeu ele com um ar de nem-tudo-o-que-parece-lixo-é que a deixou boqueaberta.
- "Mas não é mais fácil juntar tudo e jogar fora? Olha o tanto de coisa! Vai demorar séculos  até terminarmos!" - reclamou indignada.
- "Não estou com a menor pressa, Nah. - respondeu ele pegando um dos livros que estavam na pilha de coisas - Fique tranquila que eu vou te ajudar. Esse livro aqui mesmo, você já leu?"
- "Não.. ganhei de um amigo há muito tempo atrás e até hoje não li."
- "Então ele é uma das coisas que ficam aqui e não vão para o lixo."
- "Por que não, Jesus?"
- "Por que você ainda não experimentou dele, não viveu o livro. Não se joga fora algo sem saber o que/como é, entendeu? Além do mais, se um amigo te deu, ele deve conter alguma mensagem que ele gostaria que você soubesse."
- "Certo. Então, vamos lá.. Esse bichinho de pelúcia aqui, o que você acha?"

E assim a mocinha entrou no ritmo da limpeza e começou a se empolgar com a possibilidade de ver a sua casa limpa e organizada como costumava ser. E era tão bom contar com uma companhia tão disposta e agradável como aquela! Sempre ajudando, dando conselhos e palpites tão sábios que ela não hesitava em acatar. A vida, além de iluminada, agora parecia mais leve desde que ele entrou ali. E o ar... cada vez mais puro.