segunda-feira, 26 de setembro de 2011

Passarinhos

Da minha cama eu ouço o som dos passarinhos. Como são singelos no seu cantar. 
Fizeram ninhos sobre a minha cabeça. 
Querem me ensinar a voar.

E nem precisam. Assim que ouço o seu canto, vôo com eles, vou a qualquer lugar. 
Como me encantam os passarinhos, quando cantam me fazem voar.

Vista Oculta - Capítulo IV

A tarde já estava acabando e aqueles raios de sol laranja-aroseados típicos de um fim de tarde começaram a entrar pelas janelas da casa. A essa altura, todos os objetos que não prestavam já estavam em pilhas separadas dos que ainda eram úteis. Jesus e a menina estavam cansados, mas felizes.

Quando aqueles raios tocaram o rosto da menina, Jesus a convidou para irem até a varanda do segundo andar da casa para verem o pôr-do-sol. Mal ele terminou de convidá-la, ela já estava no pé da escada que os levaria até lá. Ele realmente a conhecia. Se tem um momento do dia que Tainá mais ama, é certamente o pôr-do-sol. E lá estavam os dois, sentados na mureta da varanda, apoiados no corrimão, conversando e sorrindo aos últimos raios de sol daquele dia em que o Sol visitou a casa dela. Conversar com ele era tão gostoso! Ela sentia como se todo o resto pudesse esperar e como se cada segundo com Ele fosse precioso, inesquecível.

Ao fundo um som de pássaros embalava aquele momento único. O sorriso dele a penetrava e fazia com que seu corpo flutuasse. Sua alma dançava com a dele a cada frase dita. Seus corações se encontravam em pulsações tantas que ela se encantava com ele sem qualquer esforço. Seu olhar era tão doce, tão compreensivo. Ele era puro amor. Tão diferente de como ela O imaginava. De tão diferente beirava o oposto de tudo o que ouviu sobre ele. Ele era a educação, simpatia, polidez e o bom-humor em pessoa. Vez por outra, ele lhe afagava os cabelos, a trazia pra perto e deixava que ela se recostasse no seu peito num contato tão puro e singelo que ela quase dorme em seu abraço. Quando o último raio de sol se despediu daquele dia tão vagarosamente como se também apreciasse aquele momento, ela percebeu que dEle emanava uma luz tão forte e tão bonita que a hipnotizou por alguns instantes. Quando ela tomou consciência de si mesma, estava prostrada aos pés de Jesus aos risos banhados de lágrimas de pura felicidade. Ele também estava profundamente feliz e sorria pra ela o tempo inteiro. Deitados no chão a apreciar as primeiras estrelas ansiosas a começarem a brilhar no céu, eles deram as mãos. Olhando fixo para o céu, ela sussurou para ele: "Eu nasci pra isso, não foi?" Tirando o olhar das estrelas, ele a olhou fixamente e sorrindo respondeu: "que bom que você entendeu. Meu Pai e eu sonhamos com esse momento desde o começo dos tempos. Sim, minha menina, você nasceu pra ser minha. Nasceu pra viver comigo."

Ela estava tão embebida com aquele fim de tarde que nem percebeu quando adormeceu ali mesmo, tendo o teto por estrelas. Jesus a pegou nos braços e a levou até o quarto. Depois de a ter coberto e acomodado na cama, ele sentou ao seu lado e fez carinho nos seus cabelos até a lua aparecer na janela e se despedir daquela noite sublime para os dois.