quarta-feira, 29 de setembro de 2010

Eu quero ir pra África

Tantos solos secos, áreas desérticas.
Carentes de água, carentes de luz.

Terras inabitadas, há muito abandonadas.
O que se plantou morreu. Nada vingou.

Numa casa velha e vazia, som de portas rangentes,
fruto do vento que entrou e varreu o lugar.

Na minha África há ruídos de crianças ao longe e choros por todo lugar.

Saliva grossa na boca seca. Gosto amargo na garganta.
Um grito silencioso de dor. Me alimento de lágrimas que não ousam sair dos olhos.
Algumas de remorso, outras de pavor.


Eu quero ir pra África. Pra África do meu coração...
Nunca deveria ter saído de lá.

Diquinha minha*

Se você quer mudar o mundo, comece pelo seu. Mude você.

terça-feira, 28 de setembro de 2010

Visita Oculta - Capítulo I

Casa escura. Nenhum móvel. Só o assento da tristeza, algumas silenciosas palavras balbuciadas e o café da solidão. Tomado gota a gota. Uma lágrima cai ao ouvir uma doce voz chamando do portão. "Não é possível! - pensa a moça - Será ele mesmo?" De um súbito ela se levanta como se um pequeno raio de esperança despontasse em seu sofrido coração.

Ele não tinha feito muita coisa. Falou apenas uma palavra. Mas era a que ela precisava ouvir. Era o seu nome. "Ele sabe o meu nome!" - compartilha a mente com o coração, fazendo-o vibrar.

Ao chegar à beirada da porta, ela olha em direção ao portão e, procurando-o para além da escura noite, seu olhar se esbarra no dele. Ela paralisa. Ele a olha por dentro, como se seus olhos pudessem penetrar o interior das suas pupilas e ver o que ninguém se preocupa em olhar. Naquele breve momento, antes do próximo piscar de olhos, ele lê a sua alma.

Quebrando o silêncio daquele precioso momento, ela ousa perguntar:
- É você?
- Claro, ouvi quando você me chamou. - responde ele prontamente.
- Então, é verdade! Você me ouve! E ainda sabe o meu nome!- constata perplexa.
- Muito antes de você saber o meu. - ele responde sorrindo. Vai me deixar aqui? - pergunta ainda com o humor estampado no rosto.
- Me desculpe, é que você me pegou de surpresa..
- Mas foi você mesma quem me chamou! Achei que estivesse me esperando. Vim o mais rápido que pude.
- Ah, é verdade.. mas, sinceramente, não imaginei que viesse. Bom, não vou te deixar aí fora. Por favor, entra. Mas..
- Algum problema, Nah?
- É que a casa tá escura e suja já faz um tempão e eu não tenho tido tempo..
- Você quer dizer forças..
- É.. forças, vontade de limpar. E.. você já deve saber.. não tenho nenhum móvel, nem pra você sentar.
- Não se preocupe com isso. Eu já sabia, e não vim mesmo assim? E quanto aos móveis.. você esqueceu que eu sou carpinteiro? - a visita pergunta com um sorriso de canto de boca.

Ela sorri de volta e só agora ela percebe que, desde que ele entrou, a escuridão se foi.

sexta-feira, 24 de setembro de 2010

Quem sou eu

Imitadora de Cristo.
Meu desejo? Me parecer com Ele.
Meu alvo? Ser como Ele é.

Lasanha de hoje

O tempero está na mistura das diferenças.

quinta-feira, 23 de setembro de 2010

Beleza é fundamental

Palavras nada agradáveis.
Más intenções. Motivação ruim.
Explicações cínicas. Falsa ingenuidade.
Engano cativo. Longa data.
Amor encoberto, intimidado. Suspiros de ódio e orgulho.
Mão retida, carinho não dado, olhares negados.
Partes de mim.

Beleza é fundamental, e eu descobri que nem sou tão bonita assim.

Digerindo-te

Nenhuma novidade.
As mesmas dores de antes.
Nenhuma novidade.
Ainda me sinto distante.

Gosto amargo na boca.
Lábios secos, voz trêmula, frases profundas.
Palavras presas no intestino. Má digestão.

Desânimo. Oscilação. Vontade. Indisciplina. Preguiça. Enjôo.
Necessidade: mastigação.

Banho

Água correndo pelo corpo e a vontade é de deixar cada gota levar um pouco de mim. Até o meu hoje se esvair pelo ralo. Dor na alma, desgosto. A mente não cansa de repetir aquela velha frase. Incansavelmente. Não sei. Não sei. Não sei. Espasmos de vitória. 23 horas de derrota.  Sumir, desaparecer, fugir, parar, desistir, recuar, explodir. Vontades.

Mas, por alguma razão, minha carne não é açúcar.

domingo, 19 de setembro de 2010

Eu gosto tanto de Você

Tua leveza, teu jeito de ser. Teu sorriso ao se encontrar com o meu. Teu desprendimento em amar. Teus toques ora tão sutis, quase imperceptíveis.. rastros dos Teus dedos. Teus abraços apertados, calorosos que quase sempre me fazem chorar. O jeito com que me olhas, Teu carinhoso olhar.

Mentiram pra mim.
Me disseram que ficaria muito chateado.. talvez sem querer me encontrar.
Medo.
Pensei direito. Lembrei dos carinhos, da amizade, do amor.
Vivi os encontros, senti o sabor dos reencontros. Não, nenhum olhar torto.
Nenhuma cara feia. Nenhum dedo acusador.

Tudo o que sempre recebi de Ti, Senhor, sempre.. foi sempre Amor.

domingo, 12 de setembro de 2010

Ilusão

Ledo engano de quem vai ao médico
achando que Ele não vai tocar na ferida.

O pedinte

Os caminhos dos seus cabelos
seus Sorrisos e todo esse seu gracejo.

A Verdade tão defendida
o Orgulho ferido e a graça concedida.
A leveza dos seus pensamentos
a Pureza dos sentimentos.

O olhar penetrante, profundo
Sempre me lendo mudo.
O toque suave dos lábios nos meus
Seu cheiro, seu jeito atrelado ao meu.

Você pede sem falar
Eu não consigo negar
Meu amor é seu.